segunda-feira, 13 de abril de 2009

De Moisés ao Chocolate - Parte 1

Sei muito bem que a Páscoa foi ontem, mas, novamente, estive meio ausente do computador e também passei uns dias pegando umas fontes boas para escrever essa postagem sobre a Páscoa. Como é um Blog sobre gastronomia, logicamente meu objetivo aqui é falar do chocolate, mas acho que seria interessante esclarecer algumas dúvidas sobre este feriado que provavelmente fora criado por um dentista. rsrs...

Para entendermos a Páscoa, feriado cristão, vamos, sinteticamente, buscar sua origem na festa judaica de mesmo nome. O ritual da Páscoa judaica é apresentado no livro do Êxodo. Por essa festa, a mais importante do calendário judaico, o povo celebra o fato histórico de sua libertação da escravidão do Egito acontecido há 3.275 anos, cujo protagonista principal desse evento foi Moisés no comando de seu povo pelo Mar Vermelho e Deserto do Sinai.

O evento ÊXODO/SINAI compreende a libertação do Egito, a caminhada pelo deserto e a aliança no monte Sinai (sintetizado nos dez mandamentos dado a Moisés). De evento histórico se torna evento de fé. A passagem do mar vermelho foi lembrada como Páscoa e ficou como um marco na história do povo hebreu. Nos anos seguintes ela sempre foi comemorada com um rito todo particular.

Todo ano, na noite de lua cheia de primavera (por isso que a Páscoa não tem dia certo, podendo acontecer entre o dia 22 de março e 24 de abril), os hebreus celebravam a Páscoa, com o sacrifício de cordeiro e o uso dos pães azemos (sem fermentos), conforme a ordem recebida por Moisés. Era uma vigília para lembrar a saída do Egito, forma pela qual tal fato era passado de geração em geração.

Essa celebração ganhou também dimensão futura com o passar do tempo. E quando novamente dominados por estrangeiros, celebravam a Páscoa lembrando o passado, mas pensando no futuro, com esperança de uma nova libertação, última e definitiva, quando toda escravidão seria vencida, e haveria o começo de um mundo novo há muito tempo prometido.

Já na Páscoa Cristã, Jesus oferecendo seu corpo e sangue assume o duplo sentido da páscoa judaica: sentido de libertação e de aliança. E ao celebrar a Páscoa, Ele institui a NOVA PÁSCOA, a Páscoa da libertação total do mal, do pecado e da morte numa aliança de amor de Deus com a humanidade.

A nova Páscoa não era uma libertação política do poder dos romanos, como os judeus esperavam. Poucos entenderam que o Reino de Deus transcende o aspecto político, histórico e geográfico.

Hoje, ao celebrarmos a Páscoa, não o fazemos com sacrifício do cordeiro e alimentando-nos com pães sem fermento, pois Cristo se deu em sacrifício uma vez por todas, como cordeiro pascal, como prova e para nos libertar de tudo aquilo que nos oprime.

Então recapitulando, Moisés, judeus, cordeiro,..., onde é que entra um ovo aí no meio? Até porque cordeiros não botam ovos nem eu nunca vi um cordeiro de chocolate! Então por que raios de um coelho que entrega ovos de chocolate para as crianças?

Pois bem, para começar, a tradição do coelho da Páscoa foi trazida para as Américas pelos imigrantes alemães no século 18. O coelho visitava as crianças e escondiam os ovinhos para que elas os procurassem.

No antigo Egito o coelho simbolizava o nascimento, a vida. Em outros pontos da terra era símbolo da fertilidade, pelo grande número de filhotes que nasciam. Eles também têm a ver com a vida, mas à abundância da vida, inesgotável, de se multiplicar sem se esgotar. E qual a relação disso com a Páscoa? Cristo, para o cristianismo, é essa Vida Nova, inesgotável e abundante.

Já no caso dos ovos, na antigüidade os egípcios e persas costumavam tingir ovos com cores da primavera e presentear os amigos. Para os povos antigos o ovo simbolizava o nascimento. Por isso, os persas acreditavam que a Terra nascera de um ovo gigante.

Os cristãos primitivos do oriente foram os primeiros a dar ovos coloridos na Páscoa simbolizando a ressurreição, o nascimento para uma nova vida. Nos países da Europa costumava-se escrever mensagens e datas nos ovos e dá-los aos amigos. Em outros, como na Alemanha, o costume era presentear as crianças. Na Armênia decoravam ovos ocos com figuras de Jesus, Nossa Senhora e outras figuras religiosas.

Os ovos não eram comestíveis, como se conhece hoje. Era mais um presente original simbolizando a ressurreição como início de uma vida nova. A própria natureza, nestes países, renascia florida e verdejante após um rigoroso inverno.

Em alguns lugares as crianças montam seus próprios ninhos e acreditam que o coelhinho da Páscoa coloca seus ovinhos. Em outros, as crianças procuram os ovinhos escondidos pela casa, como acontece nos Estados Unidos.

De qualquer forma o ovo em si simboliza a vida imanente, oculta, misteriosa que está por desabrochar. E por que ser de chocolate? Simples: A união do útil ao agradável. O símbolo da páscoa com sabor de chocolate, o que não deixa de ser uma criação e um costume capitalista para a obtenção de lucros com este feriado, afinal, antes comer chocolate do que casca de ovo, não é?

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